Prefeitura baiana é acusada de abandonar venezuelanos em rodoviária mineira
Um grupo de 41 venezuelanos, incluindo 27 crianças e quatro gestantes, afirma ter sido abandonado na rodoviária de Montes Claros (MG) após serem trazidos em ônibus saindo de Itabuna (BA), sob contratação que, segundo relatos, partiu da Prefeitura de Itabuna. As famílias desembarcaram no local durante a madrugada e, segundo os imigrantes, não haviam sido informados sobre o destino final ou sobre quaisquer arranjos prévios para sua permanência.
De acordo com testemunhas, o veículo chegou por volta das 1h40, tendo partido de Itabuna já no dia anterior. Uma autoridade que viajava com o grupo afirma que as famílias viviam em Itabuna há cerca de dois anos, com despesas de aluguel cobertas pela administração municipal — mas que os pagamentos foram interrompidos recentemente, fazendo com que perdessem as moradias.
Após o desembarque, o grupo registrou boletim de ocorrência e foi acolhido pela guarda municipal de Montes Claros. Uma força-tarefa local, composta por secretarias de Desenvolvimento Social, Educação, Saúde e Segurança, foi mobilizada para oferecer assistência emergencial. As famílias foram encaminhadas ao Ginásio Municipal Ana Lopes, onde recebem apoio inicial, como refeições, colchões e kits de higiene.
Líderes do grupo afirmam ter solicitado formalmente à prefeitura de Itabuna o fretamento do ônibus para a viagem, além de mantimentos como fraldas e alimentos para a jornada. Eles sustentam que o pedido foi atendido pelos gestores baianos, mas que não houve planejamento adequado para recebê-los na cidade mineira.
Autoridades locais de Montes Claros destacam que não autorizaram o transporte nem foram informadas previamente sobre a chegada das famílias. Já a prefeitura de Itabuna, segundo relatos, alega que a mudança ocorreu por decisão coletiva do grupo — embora os venezuelanos digam que foram deixados sem garantias para sua proteção social.
A situação gerou forte repercussão na cidade mineira, que agora debate como oferecer acolhimento permanente ou realocar essas famílias. O caso levanta questões sérias sobre responsabilidade municipal, política migratória e direitos humanos, ao mesmo tempo em que evidencia a vulnerabilidade social de refugiados no Brasil.
